domingo, 11 de setembro de 2011

A magia que vem de dentro


O banho acontece dentro de um buraco que cavam na areia...

Não sei se muitos fizeram essa descoberta – sei que eu fiz. Desde que aqui cheguei, gosto de caminhar na praia, sempre para o mesmo lado...mas hoje, domingo, maré bem vazia resolvi caminhar num outro sentido, um lado que tem uma encosta de pedras e sempre dá para ver que há muitas mulheres lavando roupa, isso mesmo lavando roupa no mar!
Fui seguindo, quando percebi que não só  lavavam roupas, mas também tomavam banho, completamente nuas, se banhavam esfregando o seu corpo com uma esponja, sem sabão...fiquei de longe imaginando o tipo de limpeza e como estaria  a pele com aquela água salgada, me aproximei e elas me cumprimentaram naturalmente...e continuaram a se banhar...aqui é curioso os costumes que tem essas pessoas que vivem tão integradas a natureza, são hábitos tão diferentes dos nossos, o mais terrível é o odor que emana dos seus corpos, quem não conhece chega a ficar tonto com o cheiro tão forte e ácido. O costume de andar perfumado não chegou por aqui para muitos grupos sociais... E tenho é descoberto histórias... mas lhes conto outro dia, pois meu domingo estava  apenas começando.

 Aqui os Deuses nos presenteou  com uma natureza exuberante, passear na praia é ter o privilégio de encontrar tesouros, como conchas de todas as cores e tamanhos, e estrelas do mar das mais diversas, hoje particularmente encontrei essa estrela vermelha, dei-lhe o nome de Sifa em homenagem a minha nova amiga moçambicana, quando a encontrei estava bem na beira do mar...Sifa soltava bolinhas de ar no seu centro e fiquei a observar como se mexia lentamente, logo a maré começou a encher, e ela pode aos poucos retornar ao mar...me despedi  com cuidado e esperei  ela seguir seu caminho...Não pude deixar de registrar esse momento e ai veio a lembrança de como terminei o dia com  a minha tatuagem indiana e fazendo novas amigas...a pintura está ai...



Vi numa moçambicana suas pinturas nas mãos e pés, não me contive e quis também fazer uma...lá estava eu num sábado de sol na casa de Naline, uma indiana que só fala inglês e o dialeto do seu país, fui convidada a entrar e me vi numa sala enorme cheia de  almofadas, quatro mulheres e dois bebês, sendo que uma mulher  estava sendo preparada para o seu casamento libanês...como parte do  ritual estava sendo tatuada...e ficamos a conversar, em português é claro! No final também fui tatuada e fiz  novas amigas. Fernanda, que amamentava seu bebê Daniel, Nagira a noiva e Sifa que se tornou uma grande amiga. Trocamos muitas histórias, queriam saber do Brasil, e eu da cidade delas, me avisaram sobre a mania que as pessoas tem de falar mal dos outros...demos muitas risadas...



Assim também nos encontramos no domingo, fui convidada a almoçar na casa de Sifa e do seu marido Jonh, conheci toda a sua família macua e sua mama,muito alegre e parecida com a minha mãe, ficamos  amigas também...disse que eu vou ser sua filha branca e que vai me ensinar a ser uma mulher macua, na língua local se referem a mim como “mucunha” ou “ Otela”, que significa mulher branca.


Agradeço de coração a essas mulheres que com seus sorrisos e doçura, me permitiram viver e olhar a vida com outro sentido, a magia aconteceu nas minhas mãos pintadas que me fizeram ir ao encontro mais de perto de uma cultura tão bela e enigmática, ninguém me avisou que ia ser assim...simplesmente  ao me mexer pude redescobrir a sensação do que é  viver o inevitável. Que no silêncio da procura que a gente busca há um tempo para algo se concretizar...assim meu espírito foi ao encontro da vida nessa parte do planeta. E eu fico emocionada só de lembrar todo o percurso que fiz até chegar aqui...aqui onde a vida um dia começou...Que você possa olhar pra tudo isso e imaginar como foram esses dois dias!
assim ficou a minha pintura...vamos ver quanto tempo demora!!!

6 comentários:

  1. muito bacana a sua percepçao, de lugares , coisas e costumes tão diferentes......
    mas, um banho com agua doce e sabonete faz bem.....ai uma lavandinha... tão bom !

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  2. Koshukuro!!!Agora assine senão fico sem saber a quem estou me dirigindo...bjosss Cris

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  3. Fico aqui a imaginar o quão rica são estas experiências e me emociono ao pensar nestas mulheres que têm conhecido neste lugar tão distante e tão próximo de nós.
    Está é a grande riqueza que podemos usufruir mesmo sem termos nada a dar e receber, só a huamnidade que nós é inerente. Bjs, Ana

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  4. Isso mesmo Ana!!! E como gostam de contar histórias...nesse dia me senti tão especial por ter me permitido conhecer essas pessoas...tão doces e humanas!!!

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  5. Oi minha irma, linda essas obras de artes, quanta magia e encanto esse povo, sempre tive vontade de fazer uma no meu pe, acho muito lindo, tive uma cliente no SPA que era indiana e ela me disse que eles fazem muito para casamento, que cultura bonita, fico tao feliz e orgulhosa de voce estar podendo viver e aprender novas culturas, indiomas, amor e carinho de outro povo, assim vejamos que o mundo e tao pequeno e tem tantas outras coisas lindas, curta e esteja feliz, curta todos os momentos pois logo passa e so fica as fotos e lembrancas, espero que ver em casa em breve. Beijos. Lela.

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  6. Pois é Lela, tenho conhecido e aprendido muitas coisas legais, visto também coisas tristes, principalmente em relação a mulher, a sua condição ainda é de muita submissão...são fortes mas sofrem muitos maltratos, a forma que tem de sair da tristeza é se embelezando, colocam roupas coloridas, enfeites e saem a andar...assim podem ser vistas e apreciadas! bjos Kiti

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