Finalmente cheguei a Ilha de Moçambique, depois de 3 tentativas frustradas fui nesse domingo...Daqui de Nacala fica mais ou menos 180 km, uma estrada tranquila e boa de viajar. Atravessamos uma ponte de 4 km bem estreita, quando se está num sentido é preciso esperar os carros do sentido contrário, a comunicação é precária, como tudo aqui, os guardas não avisam que já liberou um lado e ai já viu...temos que recorrer a paciência...mas enfim chegamos a Ilha.
Travessia para a Ilha |
Praça Luis de Camões |
Cores dasqui |
Artezanato local |
Assim vou me surpreendendo a cada passada que dou por aqui, a ilha tem um conjunto arquitetônico fabuloso, são muitas construções antigas que guardam a história do local. Fui beber na fonte num Museu local, com um guia muito falante do português com forte sotaque “macua” , sabendo assim da importância desse local.
Beira Mar |
A ilha antes dos portugueses chegarem já servia de entreposto para os comerciantes árabes. Só no século 16 foi que tomaram posse da ilha e construíram uma gigante Fortaleza, dando o nome de São Sebastião em homenagem ao rei de Portugal. Até meados do século 19 foi capital de Moçambique, perdendo esse status para Maputo.
Museu da Ilha |
Aqui tem registros da passagem de Vasco da Gama em 1498 e do Poeta Camões, que se refugiou um tempo escrevendo seus sonetos e que são boas referências aos poetas dos dias de agora.
Andar por suas ruas é se defrontar com casas em ruínas, praças mal cuidadas, por descaso das autoridades e também pelas intercorrências naturais, como um ciclone que passou em 2003 arrasando ainda mais esse patrimônio. Mesmo com todo esse estado de caos ainda é possível se encantar por esse cenário selvagem e belo ao mesmo tempo...
É também conhecida como a “cidade das pedras”, no lugar onde foram tiradas as pedras para erguer a Fortaleza e as casas mais ricas, sobrou um grande buraco onde mais tarde foram erguidas a “cidade de macuti”, nome dado ao material feito com folhas de palmeira e usado para erguer as casas populares.
Com toda essa diversidade de construções, pude observar a calma dos ilhéus, seus trajes coloridos e o jeito de nos receber sempre com um sorriso largo e uma forma boa de dizer: “seja bem vinda”.
Há também um rico artesanato e uma culinária típica, a base de peixes, mariscos e condimentos indianos, árabes e portugueses. Nesse cenário de cores e sabores pude desfrutar de tamanha riqueza histórica e cultural num país africano...É sempre uma boa surpresa cada vez que me proponho explorar os arredores onde estou a morar.