sábado, 23 de maio de 2015

VER O QUE SINTO

Quem me vê assim falando
Não sabe nada de mim
dentro de mim mora uma louca que me acorda a noite
Dentro de mim mora uma santa que me acorda nas manhãs
Ambas falam, vociferam
Ambas querem decidir os caminhos que preciso seguir
As escolhas que preciso tomar
Uma gosta da luz
Outra gosta da sombra
Uma me quer rindo
Outra me quer lamentando.
E eu? como me sinto?
Quem me governa?
O coração lembra e lamenta
O pensamento lembra e agradece sorrindo.
Estás melhor agora
Não se iluda moça...já não há janelas de espera.
Como me vejo? O que sinto afinal?
Não há como ver o que vejo
São só imagens  de mudanças
Afinal o vazio permanece
Vazio de sonhos
Vazio de ideias e desejos...

Va
    zio...rio!





 "Como me sinto?
Como se colocassem dois olhos sobre uma mesa e dissessem a mim,
a mim que sou cego: isso é aquilo que vê, essa é a matéria que vê.
Toco os dois olhos sobre a mesa, lisos, tépidos ainda, arrancaram há pouco, gelatinosos, mas não vejo o ver.
 É assim o que sinto tentando materializar na narrativa a convulsão do meu espírito, e desbocado e cruel,manchado de tintas,essas pardas escuras do não saber dizer,
 tento amputado conhecer o passo,cego conhecer a luz, ausente de braços
 tento te abraçar."

 ( Hilda Hilst) 

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