sábado, 9 de janeiro de 2021

Viver ou esvair o instante


                                                





Quando o pensamento voa e encontra eco no que se lê ao acaso da vida...e o que é a vida não é um constante morrer a cada instante....e de morte em morte, entre finais e mais outros tantos momentos juntamos a vida...

"Às vezes, penso que eu se fosse uma magnólia, iria querer ser um laranjeira; se fosse um águia, iria querer ser um cavalo; se fosse um quadro, iria querer ser uma fotografia. Esqueço-me que devo ser o que sou. Pela evidência de ser o único que posso ser, só quando gostar disso é que posso sentir e passar felicidade. Fico a pensar que perdemos tempo demais em querer dar laranjas, em galopar velozmente ou em ser o clarão de um instante supremo. Cada qual deve acabar por pegar a própria vida nos braços e beijá-la"

A morte absoluta
Morrer.



Morrer de corpo e de alma.
Completamente.

Morrer sem deixar o triste despojo da carne,
A enxague máscara de cera,
Cercada de flores,
Que apodrecerão - felizes! - num dia,
Banhada de lágrimas
Nascidas menos da saudade do que do espanto da morte.

Morrer sem deixar porventura uma alma errante...
A caminho do céu?
Mas que céu pode satisfazer teu sonho de céu?

Morrer sem deixar um sulco, um risco, uma sombra,
A lembrança de uma sombra
Em nenhum coração, em nenhum pensamento,
Em nenhuma epiderme.

Morrer tão completamente
Que um dia ao lerem o teu nome no papel
Perguntem: " Quem foi?"...
Morrer mais completamente ainda,
- Sem deixar sequer esse nome. (Manuel Bandeira)

                                                        OUTUBRO DE 2019



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