segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Ferida da alma...dores do corpo.

                                       "Cura-nos das dores do corpo e das aflições da alma"


Adoro ser mulher...sentir no corpo as sensações de crescer e amadurecer para a vida...possuir sensibilidade para relacionar-se comigo e com o outro...intuição para fazer escolhas e ajudar o próximo...poder gerar outra vida, alimentá-la e vê-la crescer independente...este  sim uma das maiores tarefas a nós designadas...mas chega um tempo que já não há mais por que procriar, os filhos cresceram e seu corpo dá sinais que já não é mais possível...quão triste me vi ao perceber que para a mulher esse tempo acaba mais rápido do que no sexo oposto, uma mulher engravida até no máximo  45 anos ( correndo risco) já o homem pode fazer filho até o final da sua vida, basta encontrar uma mulher mais jovem ...aí se cria aquela distância de direitos entre homem e mulher...uma insensata correlação de forças desequilibradas, você muda de parceiro, desiste do pai dos seus filhos mas não pode se apaixonar por alguém mais jovem, esse ser pode ainda querer ter filhos e você já não tem idade para isso, assim você desiste e resolve se apaixonar por um cara bem mais velho "quem sabe já está mais sossegado e sem esse dilema" e você novamente descobre que ele ainda quer ser pai( no fundo precisa provar que ainda é macho), novamente você se ver perdida num sonho de um outro que já não é seu e desiste.
Desiste de tentar encontrar alguém para amar, desiste de acreditar na possibilidade de amar novamente.
Mas o destino nos prega peças e lá estamos novamente a conhecer uma pessoa que enche seus dias de luz, que faz seus olhos brilharem e você dessa vez se convence que esse é o cara! Te fala que não quer mais filhos, está satisfeito com o que tem, e você acredita ser possível...mas um belo dia ele menciona a vontade de ter filho novamente, e mais algumas vezes até chegar ao limite de uma conversa que não tem mais para onde correr...a ferida do não poder mais procriar foi aberta novamente...aquela pessoa que você estava alimentando uma linda história de amor, te puxa o tapete, você pensa "deve ter achado alguém mais jovem e por isso voltou a ter essas ideias" e o filme embola, já não há mais caminho a ser trilhado, você perde a confiança...essa não pode ser a pessoa que você quer com você, já não há mais desejo de fazer planos...você se distancia! 
Descobre que sua ferida não está fechada...não foi curada!
Descobre que o mundo masculino tem objeções ao mundo feminino, que os homens cumprem seu papel de macho reprodutor quantas e infinitas vezes desejarem, afinal a mulher é que decide se quer ou não ser aquela que gesta um ser, que pode ou não ter um pai, mas com certeza terá a mãe, a que carrega, que nutri, que cria. Mas dessa vez já não é com você...no seu ventre já não há mais tempo para gestar...no seu íntimo cabe gestar outros projetos, outras realizações fora de ti.
Cabe então decidir sobre o que fazer com essa dor...

                                              Chico Buarque um dia escreveu:


"Não há dor que dure para sempre!

Tudo é vário. Temporário. Efêmero. Nunca somos, sempre estamos!
E apesar de saber de tudo isso. Por que algumas dores duram tanto?
Por que alguns sentimentos (diga-se de passagem os mais ridículos) demoram tanto a passar?
Por que olhar pra ele reaviva esperanças perdidas e suscitas lágrimas quentes até então contidas?
Por que o cérebro ainda não inculcou no coração que esquecer faz bem a saúde?
Por que tudo não pode ser como um bonito filme francês?"

Nenhum comentário:

Postar um comentário

  Aos primeiros raios de sol de uma noite insone recebo essa linda e magnética oração. Que ela possa chegar até você com a alegria e o coraç...