Sempre penso que precisamos silenciar o corpo e a mente para podermos organizar a vida, as emoções o pensamento, quando era criança costumava me isolar em lugares secretos para pensar, nem tinha ideia que aquele aquietar era que me permitia continuar em frente nas minhas atividades...Mas na vida corrida atual essa é uma difícil tarefa, onde mal conseguimos ficar indiferente a tantos meios de comunicação, sempre há alguem para nos achar, para nos falar...e vamos acumulando problemas...assim me descubro podendo falar sobre esse tema ao ler o texto abaixo, escrito pela Fabíola Simões "A palavra é prata, o silêncio é Ouro".
Deixo-o aqui registrado para que possamos sempre valorizar e refletir sobre essa necessidade de escuta interior. Que possamos aprender a ser ausência.Que possamos nos voltar para dentro, como a lagarta que se fecha em uma rede, no estado de crisálida para depois alçar o voo como borboleta!
"Sobre a dificuldade de silenciar, ou simplesmente ser silêncio..."
Quando eu era menina, minha mãe tinha aquele hábito do interior de
dizer: "Moça boa não deve ser arroz doce de festa..." Era pra gente
se resguardar, valorizar a imagem, não ser presença batida nos bailinhos, não
ficar cansativa demais. Mas naquele tempo o perigo era ser enjoativa só no fim
de semana; hoje a coisa debandou de vez: Toda hora no instagram, todo tempo no
feed de notícias, cada segundo no whatsapp. Impossível fugir, difícil não ser
encontrado, improvável desintoxicar.
A vida é barulhenta.
Dentro ou fora de nós, nada se aquieta. Queremos nos comunicar, exigimos
respostas na velocidade de super-hiper-mega bytes, contabilizamos
"notificações", desejamos ser cutucados de volta. Sem perceber,
desaprendemos a silenciar. Desaprendemos a suportar a voz que cala e sofremos
com a falta de respostas. Desaprendemos a ser ausência.
De vez em quando é
necessário ser silêncio. Habituar-se à própria presença, inteirar-se de sua
solidão. Comunicar tudo sem dizer nada.
A gente vive certo porque
errou um dia. E silencia quando entende que todas palavras foram ditas. Porque
de vez em quando, aquilo que conserta é aquilo que cala ou ausenta. O nada que
diz tudo. Quando o verbo é equívoco, o silêncio é corretivo.
Mas não pode ser um
silêncio forçado. Daquele tipo que quer chamar a atenção. Tá cheio disso por
aí... De gente que anuncia a saída. Que exclui um amigo por desconforto consigo
próprio. Que usa o silêncio como arma, a fim de manipular o outro. Não é por
aí; falo de silêncio pra serenizar a alma, proteger o espírito e encontrar o
caminho de volta.
Preste atenção. Se
você está cheio de barulho dentro de si, se seus pensamentos já não são mais
seus e sim uma mistura daquilo que ouve, engole e não digere todos os dias; se
seus sentimentos estão todos embaralhados e da boca só poderia sair desespero e
desesperança, se seu amor-próprio ficou tão reduzido a ponto de só falar de
suas carências, se tudo o que você quer é rastejar por mais uma chance,
suplicar por mais uma mudança... então cale-se. Saia de cena e espaireça um
pouco. Apenas respire... Conte até dez, tome um café, desligue o celular, não
abra o laptop. Fácil não é. Qualquer nova escolha requer tempo para tornar-se
hábito. E você precisa aprender a se resguardar. A diminuir o foco sobre si
mesmo.
Porque são tempos
difíceis. Todo mundo fala, todo mundo posta, todo mundo curte. Todo mundo
aparece_ de frente, de perfil, de costas, sorrindo, triste, indignado. E então
você percebe que ser #todomundo não é sua praia. E sente falta do tempo em que
as coisas eram mais simples.
Suportar o próprio
silêncio _ quando tudo o mais já foi dito_ e sair de cena pra vida continuar, é
quase como curar-se de um vício. Mais ou menos como engolir o choro, do
jeitinho que você fazia quando era pequeno e seu pai vinha com aquela:
"Engole o choro!" lembra? Então você engolia e ele descia engasgado,
duro dentro do peito.
O que seu pai queria
é que você tivesse autocontrole, entende? E é isso que você precisa agora pra
seguir em frente quando tudo o mais virou equívoco. No fundo, no fundo, o que a
gente gostaria é que nosso silêncio fosse produtivo, que gerasse bons frutos
(do jeito que a gente imagina serem "bons" os frutos...). Mas e se na
verdade quem deveria mudar fosse você? E se o silêncio viesse pra lhe ensinar e
não "comunicar" apenas aos outros?
Então anote:
Autocontrole e silêncio. E se está difícil ter autocontrole, se sua vontade é
pegar o telefone agora e discar aquele número fatídico, se sua mão coça de
desejo de postar um álbum de fotos no facebook ou no instagram, se as mensagens
não param de chegar no celular exigindo uma resposta... apenas respire. Respire
e ore, respire e durma, respire e disque outro número, respire e desvie o foco.
Desaprendemos a
seguir o conselho de nossas mães porque o mundo mudou. E de tanto desobedecer,
nos tornamos reféns da ansiedade, do imediatismo, do "tudo ou nada",
do "agora ou nunca". E agora precisamos de um aplicativo que nos
salve de nós mesmos. Ontem descobri que já existe_ chama-se "Self-control".
Ideia genial, diga-se de passagem. Porque no fim das contas, autocontrole é
raridade. E contar com um aplicativo que faça como seu pai, que lhe mande
"engolir o choro" e o ajude a reencontrar aquele que hoje se mistura
ao #todomundo, é encontrar um tesouro. Procure, baixe, aprenda, use. Shhhhh...
E Boa sorte!
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