" Tu me deixaste e seguiste o teu caminho.
Pensei que devia chorar por ti e guardar a tua imagem solitária em meu coração.
Mas, oh sorte má, o tempo é breve.
A mocidade estingue-se, ano depois de ano;
Os dias da primavera são fugitivos;
As flores murcham logo e o sábio avisa-me de que a vida reduz-se a um gota de orvalho na folha de loto.
Devo esquecer tudo isso para pensar em alguém que se afastou de mim?
Isso é duro e tolice pois o tempo é breve.
Vieram então as noites de chuva a pisarem nos telhados.
Sorri, meu outono dourado; vem abril descuidado, atirar seus beijos pelo mundo afora.
Vem tu, e tu, e tu também.
Meus amores, sabeis que sois mortais.
É sensato arrebentarmos o coração por alguém que vai embora?
Pois o tempo é breve.
É bom sentar em uma esquina e escrever em versos que todas são todo mundo.
Há heroísmo em afagarmos a nossa tristeza e resolvermos não aceitar consolo.
Mas uma face jovem aparece em minha porta e dirige seus olhos aos meus.
Limpo minhas lágrimas e mudo o tom do meu canto.
Pois o tempo é breve."
RABINDRANATH TAGORE. Considerado um dos maiores poetas de todos os tempo, um grande místico hindu e pouco conhecido no Brasil. Esse texto pertence ao livro "Obras selecionadas: O jardineiro, Lua Crescente, Gintanjali e O Cisne".
Sua poesia me chega para responder inquietações, perguntas que não podem ser caladas...histórias por viver...de forma mística e surpreendente o universo traz respostas, basta só ter sensibilidade para percebe-las na sua sutileza, há palavras que devem ser ditas...outras sentidas...outras só com o olhar para poder expressá-las...lindo seu expressar...meu coração ontem dormiu alegre por ter te encontrado!
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