segunda-feira, 23 de julho de 2012

Manter o coração ainda batendo...


Ando meia desencantada com o amor, depois de tantos ensaios fico a pensar no que busquei e encontrei desde que resolvi acabar um casamento de tantos anos...ai recebo um texto da Martha Medeiros que faz uma relação entre o amor e a guerra, quando compara os veteranos da guerra desfilando em filmes americanos, uniformizados em suas cadeiras de rodas apresentando suas medalhas e também suas amputações.

E não é que também me vejo também nesse desfile...e tantas mulheres que conheço também!
“ Se o amor e a guerra se assemelham, poderíamos imaginar também um desfile de mulheres sobreviventes desse embate no qual todo mundo quer entrar e poucos conseguem sair – ilesos. Não se perde uma perna ou braço, mas muitos perdem o juízo e alguns até a fé.

Depois de uma certa idade, somos todos veteranos de alguma relação amorosa  que deixou cicatrizes. Todos. Há inclusive os que trazem marcas imperceptíveis a olho nu, pois não são sobreviventes do que lhes aconteceu, e sim do que não lhes aconteceu: sobreviveram à irrealização de seus sonhos, que é algo que machuca muito mais. São os veteranos da solidão.

Há aqueles que viveram um amor na juventude que terminou cedo demais, seja por pressa, inexperiência ou imaturidade. Casam-se, depois, com outra pessoa, constituem família e são felizes, mas dói uma ausência do passado, aquela pequena batalha perdida.

Há os que amaram uma vez em silencio, sem se declarar, e trazem dentro do peito essa granada que não foi detonada. Há os que se declararam e foram rejeitados, e a granada estraçalhou tudo por dentro, mesmo que ninguém tenha notado. E há os que viveram amores ardentes, explosivos, computando vitórias e derrotas: saem com talhos na alma, porém mais fortes do que antes.

Há os que preferem não se arriscar: mantém-se na mesma trincheira sem se mover, escondidos da guerra, mas ela os alcança, sorrateira, e lhes apresenta um espelho para que vejam suas rugas e seu olhar opaco, as marcas precoces que surgem nos que, por medo de se ferir, optaram por não viver.

Há os que tem sorte do amor tranquilo: foram convocados para serem os enfermeiros do acampamento, os motoristas da tropa, estão ali para servir e não para brigar na linha de frente, e sobrevivem sem nem unha quebrada, mas desfilam mesmo assim, vitoriosos, porque foram imprescindíveis ao limpar o sangue dos outros.

Há os que sofrem quando a guerra acaba, pois ao menos tem um ideal, e agora não sabem o que fazer com um futuro de paz.

Há os que se apaixonam por seus inimigos. A esses, o céu e o inferno estão prometidos.

E há os que não resistem até o final da história: morrem durante a luta e viram memória.

Todos são convocados quando jovens. Mas é no desfile final que se saberá quem conquistou medalhas por bravura e conseguiu, em meio ao caos, às neuras e as mutilações, manter o coração ainda batendo.”

Em qual dessas relações você já passou ou está vivendo?

Me impressiona a quantidade de homens que não percebem que vivem uma relação de amor e guerra, e fazem de conta que está tudo bem, mas ao virar a esquina vivem uma outra relação paralela, traem suas mulheres num piscar de olhos, enganam-se mutuamente e preferem ao longo da vida não encarar a relação que há muito deixou de existir.

Viva as mulheres que tem coragem de mudar e começar uma outra história, desfilando com força e determinação em busca de novos horizontes.

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