Ando
meia desencantada com o amor, depois de tantos ensaios fico a pensar no que
busquei e encontrei desde que resolvi acabar um casamento de tantos anos...ai
recebo um texto da Martha Medeiros que faz uma relação entre o amor e a guerra,
quando compara os veteranos da guerra desfilando em filmes americanos,
uniformizados em suas cadeiras de rodas apresentando suas medalhas e também
suas amputações.
E
não é que também me vejo também nesse desfile...e tantas mulheres que conheço
também!
“ Se o amor e a guerra se assemelham, poderíamos imaginar também um desfile de mulheres sobreviventes desse embate no qual todo mundo quer entrar e poucos conseguem sair – ilesos. Não se perde uma perna ou braço, mas muitos perdem o juízo e alguns até a fé.
“ Se o amor e a guerra se assemelham, poderíamos imaginar também um desfile de mulheres sobreviventes desse embate no qual todo mundo quer entrar e poucos conseguem sair – ilesos. Não se perde uma perna ou braço, mas muitos perdem o juízo e alguns até a fé.
Depois
de uma certa idade, somos todos veteranos de alguma relação amorosa que deixou cicatrizes. Todos. Há inclusive os
que trazem marcas imperceptíveis a olho nu, pois não são sobreviventes do que
lhes aconteceu, e sim do que não lhes aconteceu: sobreviveram à irrealização de
seus sonhos, que é algo que machuca muito mais. São os veteranos da solidão.
Há
aqueles que viveram um amor na juventude que terminou cedo demais, seja por
pressa, inexperiência ou imaturidade. Casam-se, depois, com outra pessoa,
constituem família e são felizes, mas dói uma ausência do passado, aquela
pequena batalha perdida.
Há
os que amaram uma vez em silencio, sem se declarar, e trazem dentro do peito
essa granada que não foi detonada. Há os que se declararam e foram rejeitados,
e a granada estraçalhou tudo por dentro, mesmo que ninguém tenha notado. E há
os que viveram amores ardentes, explosivos, computando vitórias e derrotas:
saem com talhos na alma, porém mais fortes do que antes.
Há
os que preferem não se arriscar: mantém-se na mesma trincheira sem se mover,
escondidos da guerra, mas ela os alcança, sorrateira, e lhes apresenta um
espelho para que vejam suas rugas e seu olhar opaco, as marcas precoces que surgem
nos que, por medo de se ferir, optaram por não viver.
Há
os que tem sorte do amor tranquilo: foram convocados para serem os enfermeiros
do acampamento, os motoristas da tropa, estão ali para servir e não para brigar
na linha de frente, e sobrevivem sem nem unha quebrada, mas desfilam mesmo
assim, vitoriosos, porque foram imprescindíveis ao limpar o sangue dos outros.
Há
os que sofrem quando a guerra acaba, pois ao menos tem um ideal, e agora não
sabem o que fazer com um futuro de paz.
Há
os que se apaixonam por seus inimigos. A esses, o céu e o inferno estão
prometidos.
E
há os que não resistem até o final da história: morrem durante a luta e viram
memória.
Todos
são convocados quando jovens. Mas é no desfile final que se saberá quem
conquistou medalhas por bravura e conseguiu, em meio ao caos, às neuras e as
mutilações, manter o coração ainda batendo.”
Em
qual dessas relações você já passou ou está vivendo?
Me
impressiona a quantidade de homens que não percebem que vivem uma relação de
amor e guerra, e fazem de conta que está tudo bem, mas ao virar a esquina vivem
uma outra relação paralela, traem suas mulheres num piscar de olhos, enganam-se
mutuamente e preferem ao longo da vida não encarar a relação que há muito
deixou de existir.
Viva
as mulheres que tem coragem de mudar e começar uma outra história, desfilando
com força e determinação em busca de novos horizontes.
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