sexta-feira, 13 de novembro de 2015

Sem querer...querendo?

                  "O que foi, torna a ser. O que é, perde existência.
                           O palpável é nada. O nada assume essência." - Goethe



                                                     
De repente você ouve uma frase que te mobiliza...aquela pessoa que te é tão querida troca seu nome pela de uma ex que de repente passa a ser atual, em milésimos instantes de segundos! 
E é bem nesse relâmpago de tempo que você percebe que um simples ato falho te tira do seu eixo e você para e pensa:
                           - o que se passa aqui?
                                             - o que estou fazendo ao lado dessa pessoa?
                                                                              - qual o meu papel nessa história?

Sentimos num simples ato falho que não temos nenhuma importância para essa pessoa que até então enchia nosso dias cinzas de arco iris. O mundo desaba e com ele todos os planos projetados para um futuro que já não mais chegará...
                  Mas o que de tão grave ocorre num simples e profundo ato falho?
Para Sigmund Freud, o pai da psicanálise, os atos falhos são expressões de intenções omitidas ou resultado de um confronto entre duas intenções, uma delas inconsciente.
Para a psicanálise, o acaso não existe. Nos procedimentos mentais não existem meros acidentes. O pensamento aparentemente mais sem sentido, o lapso mais casual, o sonho mais fantástico possuem um significado que pode servir para desvendar os segredos da mente. “As decisões são sempre tomadas por conta de experiências vividas. O inconsciente é feito de fatos e afetos e quando algum fragmento escapa dali é por algum motivo”, garante.
Por razões sociais, sabemos que não podemos dizer tudo o que temos vontade, e apesar de nosso controle para segurar e suprimir o que realmente queremos dizer, o pensamento ainda resiste com notável força no inconsciente para se fazer ouvir no ato falho. De fato, alguns atos falhos dizem respeito somente a conteúdos que são significativos para quem os comete. Estes não são assim tão facilmente explicados nem prontamente reconhecidos por quem os comete, e geralmente são dotados de alto valor afetivo.
Sabemos que somos feito de emoção, coração, afetos, e na memória guardamos o que nos foi significativo, mesmo que de maneira negativa...e de forma errônea, quem insiste em repetir um padrão de comportamento em que machuca o outro, não está sendo nada honesto numa relação a dois. Cabe ambos entenderem o processo vivido e decidirem se há chances de se mudar de atitude, daquele que fala e daquele que escuta.
Podemos assumir que temos nosso momento Chaves "foi sem querer, querendo", e a partir daí  amadurecer a relação, pois não é nada  agradável estar do outro lado "engolindo" rotineiramente os atos falhos do outro que até então era o nosso bem querer, se o outro não reconhece que precisa mudar e se compromete a tal, nada mais pode ser feito ou mesmo tolerado!
Repentinamente cabe a você aceitar esses breves atos falhos ou então seguir seu caminho, soltar a mão e entender que há momentos que o nosso coração consegue suportar... outros o melhor a fazer é seguir...seguir...

                                                                   ( Pinturas de André Kohn)

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